sábado, 12 de maio de 2007

Por que fazer pesquisa com responsabilidade social?

Ações de âmbito social são valorizadas em concursos e pela sociedade

A Ciência é fruto de um dos elementos mais essenciais do ser humano: a necessidade de conhecer. Ainda nas primeiras civilizações, antes mesmo do homo sapiens, nosssos ancestrais já nutriam o desejo de construir, pelo conhecimento, uma vida melhor. Tanto na tradição judaico-cristã como na greco-romana, as habilidades naturais do ser humano parecem insuficientes, o que nos impulsiona sempre um pouco mais além. Já não basta ser criaturas... temos de ser criadores. O tempo passou e a Humanidade continua sua busca por este ideal, que é a raíz da pesquisa científica. Além de usar o conhecimento na construção de um mundo melhor para si, o homem também passou a pensar em seu próximo. Assim, a pesquisa científica ganha contornos de responsabilidade social.

É fato que, hoje, boa parte dos trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores não estão essencialmente ligados à responsabilidade social, e isso não é recriminável. Porém, frente às transformações do mundo moderno e ao crescimento vertiginoso da industrialização, o homem passou a ser vítima de suas ações, seja pela desigualdade social ou em razão dos danos ao meio ambiente. Para reverter este quadro, nada mais justo que usar o conhecimento adquirido em prol do benefício da sociedade e da preservação da natureza.

Neste aspecto, ações de qualidade desenvolvidas com responsabilidade social são vistas com bom olhos tanto por especialistas como pela sociedade. "Na pesquisa científica e tecnológica com responsabilidade social, o homem põe o melhor de sua mente e de seu coração, sua racionalidade e emoção, na busca de um mundo melhor para seus semelhantes", afirma o professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) José Renato Coury.

Embora o caráter deste tipo de pesquisa não se sobreponha o de outros tipos de ação no mundo acadêmico - sejam elas para fins comerciais ou industriais -, atingem um patamar de importância na hora de disputar auxílios ou de concorrer a prêmios. "Evidente que cada vez mais tem-se dado ênfase à responsabilidade social. Pesquisas neste sentido, que exibam qualidade, sempre são significativas", destaca o secretário de Ciência e Tecnologia do Ceará, Hélio Guedes de Campos Barros.

Hélio Barros, que fez parte da comissão organizadora do prêmio Santander Banespa de Ciência e Inovação, revela que os projetos científicos inscritos no concurso foram avaliados sob os mais diversos aspectos, priorizando a excelência das expressões científicas, observando, é claro, critérios como sua aplicação prática, mas também, seus benefícios para a sociedade. Clique e confira os projetos contemplados com prêmios na categoria Ciência e Inovação.

Incentivo à pesquisa socialmente responsável

Atentos à necessidade de se fomentar projetos com foco na responsabilidade social, diversas instituições de apoio à pesquisa dispõem de programas específicos voltados para quem pretende desenvolver este trabalhos com esse tipo de preocupação. A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por exemplo, oferece o programa de Pesquisa em Políticas Públicas. Lançado em agosto de 1998, ele financia pesquisas voltadas ao atendimento de demandas sociais e visa a aproximação do sistema de Ciência & Tecnologia paulista com a sociedade.

O programa reúne institutos de pesquisa, universidades, organismos do setor público e instituições do terceiro setor como: cooperativas, fundações e organizações não-governamentais. Os projetos aprovados devem garantir a formação de uma parceria que assegure a utilização dos resultados da pesquisa na implementação de ações de relevância social. No entanto, o programa não é uma modalidade de apoio de fluxo contínuo e está condicionado à apresentação de propostas à vigência de editais.

Evidente que o estado de São Paulo não está sozinho nestas ações. Pesquisas de âmbito social têm sido alvo da atenção de pesquisadores, seja nas regiões Centro-Sul ou Norte e Nordeste do país. No Ceará, por exemplo, embora não se tenha um programa específico para o fomento de pesquisas com responsabilidade social, inúmeros institutos trabalham para o incentivo de pesquisas de políticas relevantes para o estado. A FUCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos) está entre as mais importantes do país no que diz respeito a estudos referente à água.

"Esta é uma questão extremamente importante para a região do semi-árido. Não há dúvida que é amplamente discutida e trabalhada pela Fuceme e por outras instituições cearenses", afirma Barros.

Apesar das preocupações específicas de cada região do país, de Norte a Sul, para especialistas, os estudos não devem, jamais, limitar-se às questões geográficas. Para eles, há que se investir em estudos em âmbito universal. Este é o caminho para que a Ciência continue a crescer e evoluir no Brasil como tem sido nos últimos anos. "Apesar de nossa grande preocupação com a água, que é determinante para a região, nossas perspectivas de pesquisa não são puramente provincianas. Temos ambições universais. Investimos em políticas públicas expressivas no segmento de Informática e medicamentos, entre outros setores, com tanta qualidade como nas pesquisas voltadas para nossas necessidades locais", conclui Barros.

É importante ressaltar que nas instituições de Ensino Superior brasileiras cuja concentração de pesquisadores é grande, a demanda de pesquisas científicas com este foco é expressiva, sejam elas realizadas em parceira com a iniciativa pública ou privada. Clique no link ao lado e confira duas pesquisas científicas elaboradas por pesquisadores de universidades brasileiras que têm foco na responsabilidade social.

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